Muitas vezes, ao lermos um livro (ou
trilogia, ou série) acabamos por não nos conectarmos apenas à história, mas
também ao momento em que efetuamos a leitura. Para mim, "A
Seleção" ilustra muito bem esse caso. Assim
que eu comprei os dois livros que já foram lançados (o terceiro, e último, será
só em 2014), e comecei a lê-los, não consegui parar. Por conta disso, foi um
final de semana voltado ao anseio de ler.
Imaginem
uma temporada intensa de chuva, acompanhada por um frio característico de
inverno. Esse cenário é um convite para ficarmos em casa, embaixo das cobertas
e, assim que o conforto se instaurar, abrir o livro e seguir para uma dimensão
paralela: foi isso que aconteceu enquanto li "A Seleção".
Preciso
pontuar que o primeiro livro não foi tão instigante quanto o segundo,
simplesmente por não convencer o leitor acerca de todos os pontos da história.
Tem-se a impressão de que América Singer, ao dizer-se convicta do que quer,
muda de ideia muito rápido. Foi o caso da seleção [ processo característico em
Ilhea (ex-Estados Unidos), um sistema monárquico que seleciona, assim que
o príncipe estiver em idade apta ao casamento, 35 representantes para
concorrerem ao cargo de princesa. Além disso, Ilhea é pautada em um princípio
de castas (Um, Dois, Três ... até Oito). América é uma Cinco, mas está
apaixonado por um Seis, detalhe que impossibilita o relacionamento dos dois,
pois as castas são determinantes na escolha dos parceiros], em um dia, a
protagonista estava convicta de que não se candidataria ao processo, mas bastou
Aspen dizer que ela deveria participar, que o formulário foi preenchido.
O
término deles também ficou sem justificativa plausível. Nos costumeiros
encontros às escondidas, America leva ao amado um banquete e ele a recrimina
pelo gasto, sofrendo porque ele, por ser integrante de uma casta inferior, não
teria como dar a ela uma vida como tencionava. Assim, do nada, eles terminam e
ela segue para o Castelo, já que pouco tempo depois é selecionada como uma das
concorrentes.
Para
sintetizar, notamos algumas lacunas na narração, como se os fatos expostos não
nos convencessem. Até o encontro de América com o príncipe, Maxon, não nos
dá subsídio para acreditarmos no que aconteceria.
Mesmo
assim, pela vontade de saber o que acontecerá, a nossa curiosidade nos leva
adiante, ao segundo livro, A Elite. É ali que a escrita, o enredo e os etcs e
tal começam a fazer muito sentido e a leitura fica irresistível: de
uma garota, de certo modo ingênua, América começa a perceber que a corte
esconde muitos segredos. A trama, em suma, engloba a evidenciação desse olhar
crítico da protagonista, mas também um triângulo amoroso: América fica entre
Maxon, o princípe encantador [porém que está em processo de seleção da princesa) versus Aspen [que surge no castelo como
um dos guardas].
Quando
finalizei A Elite, veio à minha cabeça uma infinidade de pensamentos quanto à
continuação da história. É no terceiro livro que a protagonista arquitetará um
plano para chegar à coroa (e provar a Maxon os seus sentimentos) a fim de mudar
Ilhéa, além de desvincular-se do rei (soberano que a detesta).
Enfim,
A Seleção me proporcionou bons momentos. Toda vez que lembro da história, penso
em como o clima estava propício à leitura. Incrível: todo livro traz uma
história, mas nós também o marcamos na memória pelo momento em que o lemos.